terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

BRIGITE MONFORT

Hoje resolvi homenagear uma mulher que povoou os sonhos e desejos de muitos adolescentes dos anos 60 e 70; inclusive os meus. O que você faria se qualquer dia desses, num encontro casual, “topasse” com uma morena de olhos azuis, pele dourada, cabelos compridos, negros, corpo escultural e aparentando ter pouco mais de 27 anos? Já pensou? Pois é, eu cansei de me encontrar com essa beldade, quase todos os dias, nas páginas de um livro de bolso da coleção ZZ7, da Editora Monterrey. Estou me referindo a estonteante Brigitte Montford, codinome “Baby”, espiã da CIA e apesar da pouca idade, considerada a agente secreta mais perigosa do mundo. Ela é perita no manejo de vários tipos de armas, desde as mais simples, incluindo sua pequena pistola com cabo de madrepérola que traz amarrada na coxa com uma fita, até o mais bélico dos armamentos; fala fluentemente vários idiomas; é especialista no combate corpo a corpo dominando várias técnicas de luta, desde o karatê até a capoeira; além de pilotar qualquer tipo de aeronave. A famosa personagem – carro chefe de vendas da Editora Monterrey – foi criada pelo escritor espanhol Antonio Vera Ramirez que optou por assinar as suas histórias com o pseudônimo de Lou Carrigan. Lembro-me que na minha adolescência, o meu irmão comprava uma batelada de livros de bolso da Monterrey (que estavam em moda naquela época), desde faroeste até espionagem. Mas o que mais me interessava era a criação de Lou Carrigan, ou seja, a sedutora Brigitte Montford. Cara! Pode acreditar, eu era obrigado a ler alguns desses livros escondido ou então com a mão na frente da capa para que os meus pais não vissem. Naquela época comprar uma revista Playboy era uma “Missão Impossível”, por causa do preço e também pela dificuldade em encontrar o produto. Dessa maneira, nossos pais pensavam que estávamos “contrabandeando” uma versão genérica da Playboy por causa de algumas capas picantes onde “Baby” aparecia quase nua. Mas na realidade, não tinha nada a ver porque não se tratavam de histórias pornográficas, mas sim da mais pura espionagem. E já que toquei no assunto capa; ok, vou dar uma pincelada no tema. As capas das histórias de Brigitte Monfort eram produzidas por um dos maiores ilustradores brasileiros do século XX: José Luiz Benício. Com certeza se não fossem os traços de Benício; o texto de Lou Carrigan não despertaria tanto interesse. As capas das edições eram mais viciantes do que Coca-Cola! A partir do momento que eu batia os olhos na figura da espiã da CIA estampada na capa do livro de bolso, não tinha jeito! A cada página lida, imaginava aquele “ser estonteante” correndo, lutando, enfrentando perigos e... amando. Era engraçado porque tinha o hábito de ler três ou quatro páginas e depois dar uma olhadinha na capa, e assim ia repetindo esse ritual até o término da leitura. Por aí já dá para imaginar o poder que as ilustrações criadas por Benício tinha sobre nós, pequenos leitores daquela época. A Editora Monterrey chegou a publicar 500 exemplares da série ZZ7 tendo à frente a espiã “Baby”. Os livros fizeram tanto sucesso nos anos 60 e 70 que tiveram uma reedição. O nascimento de Baby Uma pergunta comum feita pelos muitos fás de Brigitte Montfort é como nasceu a famosa espiã. Pois bem, a origem de “Baby” remonta o final dos anos 40, quando o jornalista e compositor brasileiro, David Nasser criou a personagem “Giselle – A Espiã Nua que Abalou Paris”. Nasser começou a escrever as histórias de Giselle para o jornal carioca Diário da Noite que vinha enfrentando uma séria crise financeira correndo o risco de encerrar as suas atividades. Giselle imediatamente caiu no gosto popular e devido ao sucesso de suas histórias, o Diário da Noite acabou afastando o fantasma do fechamento. Reza a lenda que apesar da popularidade de “Giselle – A Espiã Nua que Abalou Paris”, Nasser ainda não tinha recebido nenhum dinheiro pela sua criação, estando com o seu salário atrasado há muito tempo. Foi então que ele teve uma idéia original para receber o lhe era de direito: assassinar a sua personagem, encerrando assim a história. Nasser teria feito essa ameaça ao dono do jornal, dizendo que se não recebesse, os nazistas iriam matar Giselle fuzilada. A ameaça surtiu o efeito esperado e o escritor recebeu na hora os seus vencimentos em atraso, mas com uma condição: a de que ele não ceifasse a vida da heroína. Depois do sucesso no jornal, as histórias da “Espiã Nua que Abalou Paris” passaram a ser publicadas em livros de bolso, no começo dos anos 50, repetindo o sucesso do jornal Diário da Noite.  Giselle - A espiã nua que abalou Paris  Ao contrário de Brigitte Montfort, Giselle não empunhava armas para conseguir o seu intento. Ela usava o seu belo corpo para roubar informações dos alemães que poderiam ser muito importantes para o chamado bloco da Resistência. Giselle ia para a cama com os mais perigosos líderes nazistas e, muitas vezes, tinha de suportar taras e perversões horríveis, colocando a sua vida em risco a cada capítulo, tudo com o objetivo de conseguir preciosas informações. Por várias vezes, ela esteve perto de ser descoberta e fuzilada, mas sempre acabava sendo salva, de última hora, por algum oficial da Gestapo que tinha sucumbido, no passado, aos seus dotes físicos. A criação de David Nasser fez tanto sucesso que a Editora Monterrey acabou comprando os direitos da personagem e relançando os seus livros em 1964. E novamente, Giselle estouraria em vendagens, enchendo os cofres da Monterrey. Nesta época, o gênio brasileiro das ilustrações, José Luiz Benício, já emprestava o seu talento para as capas da “Espiã Nua que Abalou Paris”. Percebendo o sucesso de vendas da espiã que tinha como “carma” ir para a cama com os nazistas e sofrer em suas mãos, os editores da Monterrey decidiram lançar uma nova série tendo como personagem principal nada mais nada menos do que a filha de Giselle. Para escrever o enredo das tramas foi convidado o desconhecido escritor espanhol, Antônio Vera Ramirez, que por sua vez, adotou o pseudônimo de Lou Carrigan. Nascia assim, Brigitte Montfort, a espiã que se tornaria um verdadeiro ícone da cultura pop dos anos 70. A “veia” central do enredo era bem simples: ao descobrir que a mãe era uma espiã à serviço do mundo livre, “Baby” passaria também a seguir o seu exemplo, ingressando na CIA e se tornando a sua agente mais famosa e letal.  José Luís Benício, o criador da imagem de Brigitte Montfort  Porquê o esquecimento? Pelo o que eu pesquisei na net, a Editora Monterrey chegou a publicar cerca de 500 livros da série ZZ7 tendo Brigitte Montford como protagonista. E tudo indica que novamente encheu os bolsos com a grana oriunda das vendagens. Mas acredito que os homens da Monterrey não foram tão bons administradores, pois a editora simplesmente desapareceu do mapa. Pêra aí pessoal! Calma! Não precisam ficar nervosos porque mesmo com a editora fora do mapa, vocês poderão encontrar os livros Pockets de “Baby” e também de sua mãe Giselle em vários sebos e por preços módicos. Para encerrar esse post eu só queria entender algo. Como uma série de livros que tinham uma tiragem fenomenal e uma personagem que se tornou, na época, um ícone da nossa cultura pop, caiu quase que no esquecimento total? Fato mais estranho ainda diz respeito a grande massa de leitores de Brigitte Montfort que optaram por ficar na clandestinidade. Ah! Em tempo! Só a título de registro, quero lembrar que a imagem da personagem Brigitte Montfort que ilustrou as capas de seus livros foi inspirada em uma modelo brasileira chamada Maria de Fátima Lins. Até a próxima! Postado por José Antônio (Jam) às 12:42 Enviar por e-mailBlogThis!Compartilhar no TwitterCompartilhar no FacebookCompartilhar no Orkut34 comentários: Edinho Nunes4 de maio de 2011 06:44 Deu saudades desta época. Compartilhei seu post, com os amigos do Facebook. Parabéns por trazer a tona, um dos ícones deste tipo de literatura, bem comum na época. Há poucos meses, em uma mesa de bar, eu e mais 2 amigos,

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