sexta-feira, 11 de maio de 2012

A GUERRA DAS MAUVINAS

Faz trinta anos que a junta militar argentina, comandada pelo general Leopoldo Galtieri, ordenou a invasão das ilhas Falklands, a quem os argentinos chamam de Malvinas. Foi uma espécie de prévia da Guerra do Golfo Pérsico, que aconteceria nove anos depois, quando outro ditador, Saddam Hussein, invadiu outro território pequeno e desarmado, o Kuwait, muito semelhante as ilhas Malvinas, provocando a reação de outra potência militar.

Quando a guerra começou, no dia 2 de abril de 1982, eu estava na faculdade de Jornalismo, estudando ali na Helio Alonso, em Botafogo, bem perto do morro do Pão de Açúcar. Não dava para participar da cobertura da guerra, como jornalista, mas se eu não podia ir a guerra das Malvinas, a guerra das Malvinas arranjou um jeito de vir ao meu encontro. Várias semanas depois do início das hostilidades, no dia 31 de maio, eu tomava o café da manhã quando a casa estremeceu com dois estrondos. Não só a minha casa como toda a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Era a guerra das Malvinas pedindo passagem.

Aqueles estampidos tinham sido provocados por dois caças F-5 da Força Aérea Brasileira, que decolaram do Campo dos Afonsos, acelerando para velocidade supersônica por cima da cidade. O espaço aéreo brasileiro fora invadido por um bombardeiro nuclear britânico, Avro Vulcan retornando da zona de guerra. O Vulcan decolara da ilha de Ascenção para lançar mísseis Shrike contra as instalações de radar argentinas em Port Stanley. Para voar de Ascenção até as Malvinas, os Vulcan tinham que ser reabastecidos em voo por aviões tanque Victor, tanto na ida quanto na volta.

Um defeito na sonda de reabastecimento impedira aquele Vulcan, prefixo XM-597, de obter o combustível para retornar a sua base.

O Brasil era neutro na guerra e os ingleses pediram permissão para um pouso de emergência no Galeão. Com o combustível no fim, a tripulação jogou no mar todos os códigos e documentos secretos. Um dos mísseis também foi ejetado, mas o outro ficou preso ao avião. A FAB mandou os dois F-5 a toda velocidade para acompanhar o Vulcan, que chegou na cabeceira da pista do Galeão sem combustível para arremeter, praticamente em voo planado. Mais alguns minutos e o enorme bombardeiro de asa delta teria se espatifado em cima de algum bairro da zona norte ou oeste do Rio, e, certamente, teríamos vítimas brasileiras do conflito entre argentinos e ingleses.

Na época, a ditadura argentina manipulava a imprensa local para convencer o povo de que a guerra estava sendo vencida. Fizeram até fotomontagens mostrando o porta-aviões britânico HMS Invencible em chamas. Na verdade, o navio atingido fora o cargueiro Atlantic Conveyor.

Situação

A junta militar argentina fora a guerra tentando recuperar seu desgaste com um estímulo a euforia e o patriotismo. Mas não tinham condições de vencer uma potência europeia como a Grã-Bretanha, cujas forças armadas tinham sido treinadas e preparadas para combater a poderosa União Soviética. No início, parecia que a vantagem estava com os Argentinos, que combatiam perto de casa, enquanto os ingleses tiveram que deslocar uma esquadra de 127 navios através de milhares de quilômetros de oceano.

Mas assim que chegaram na zona de guerra, os britânicos dominaram a situação. Com um único submarino nuclear, o HMS Conqueror, eles afundaram o cruzador argentino General Belgrano, mantendo toda a esquadra argentina presa no porto. A aviação argentina conseguiu afundar vários navios da esquadra com ataques dos jatos Skyhawke e Super Etandard, mas perdeu muitos aviões e tripulações. Um piloto argentino que ejetasse do seu avião tinha apenas alguns minutos de vida no mar gelado em torno das ilhas. Suas chances de ser resgatado pelos ingleses eram mínimas. E a frota inglesa tinha mísseis antiaéreos projetados para derrubar bombardeiros soviéticos TU-22.

No final, depois de uma batalha sangrenta, a junta militar argentina caiu, iniciando a redemocratização da América Latina. E a primeira ministra inglesa, Margareth Tatcher, virou celebridade.

Dos mais de novecentos mortos na guerra felizmente não houve nenhum brasileiro. Escapamos por pouco. Um DC-10 da Varig, a caminho da África do Sul, foi confundido com um avião militar argentino e esteve a ponto de ser derrubado pelos caças Harrier. A bordo estava Leonel Brizola, futuro governador do Rio de Janeiro. Hoje, trinta anos depois, a presidente argentina Christina Kirchner tenta ocultar o fracasso do seu governo reascendendo a questão das Malvinas. Tomara que não embarquem em outra guerra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário